Palestrantes Principais – ONTOBRAS 2025

Foto de Barry SmithBarry Smith
Diretor do NCOR – Professor Distinto de Filosofia, Ciência da Computação e Informática Biomédica / SUNY

Barry Smith contribui para pesquisas tanto teóricas quanto aplicadas em ontologia. É autor de mais de 700 publicações, com mais de 50.000 citações e índice h de 108. Sua pesquisa foi financiada pelos National Institutes of Health, pelas fundações nacionais de ciência dos EUA, Suíça e Áustria, pelos Departamentos de Defesa (DoD) e de Segurança Interna (DHS) dos EUA, pelas Fundações Humboldt e Volkswagen, e pela União Europeia. É Professor Distinto Julian Park de Filosofia e também Professor de Informática Biomédica e Ciência da Computação na University at Buffalo. É ainda Diretor do National Center for Ontological Research (NCOR).

Smith é o principal desenvolvedor da Basic Formal Ontology (BFO), uma ontologia de alto nível utilizada em mais de 600 iniciativas no mundo todo e recentemente documentada como padrão internacional ISO/IEC 21838-2. A BFO também faz parte da base de ontologias mandatórias do Departamento de Defesa dos EUA e do Office of the Director of National Intelligence, sendo ainda um padrão do DOD Joint Enterprise Standards Committee (JESC).

Seu trabalho levou à criação do Open Biomedical Ontologies (OBO) Foundry, um conjunto de recursos amplamente usados para apoiar pesquisas em biologia e biomedicina baseadas em informação. É um dos fundadores do Industrial Ontologies Foundry (IOF) e também contribui com os trabalhos em ontologia do DHS, do DoD e do Intelligence Community Ontology Working Group (DIOWG), além do Five Eyes Ontology Working Group (FOWG). Mais recentemente, co-autorizou, junto com o empreendedor e matemático alemão Jobst Landgrebe, o livro Why Machines Will Never Rule the World, publicado pela Routledge em 2023. Uma segunda edição expandida foi lançada em abril de 2025.

Palestra Online: A História da Ontologia de Aristóteles ao ISO/IEC 21838

A tabela de categorias de Aristóteles pode, com justiça, reivindicar o marco inicial da ontologia no sentido moderno (engenharia ontológica), e sua compilação das constituições de 158 cidades-estado gregas pode, com justiça, ser considerada o primeiro banco de dados do mundo. Durante cerca de 2000 anos, pouco aconteceu até que, nos séculos XVII e XVIII, filósofos franceses e alemães deslocaram a ontologia de sua posição de Rainha das Ciências em favor da epistemologia. A fase seguinte começa no início do século XX, com a criação, por Husserl, do termo “ontologia formal”, seguida de importantes trabalhos sobre as ontologias do direito, da linguagem e da psicologia por parte de seus alunos. A partir daí, avanço para Stanford, nos anos 1970, onde, nas mãos de Patrick Hayes e outros, os trabalhos sobre “ontologia ingênua” desempenharam um papel importante no desenvolvimento da IA (a boa e velha, baseada em lógica). Concluirei com desenvolvimentos mais recentes na biomedicina, na indústria e na segurança nacional, impulsionados em grande parte pela Ontologia de Alto Nível Padrão Internacional BFO em 2021.

Foto de Giancarlo GuizzardiGiancarlo Guizzardi
Full Professor / University of Twente

Professor Titular na Universidade de Twente (Holanda) e atua nas áreas de Ontologia Formal e Aplicada, Modelagem Conceitual e Engenharia de Sistemas de Informação. Foi professor na Universidade Livre de Bozen-Bolzano (Itália), onde liderou o grupo de pesquisa CORE, e cofundador do grupo NEMO no Brasil. É autor de cerca de 400 publicações e tem participado como keynote, chair e editor em eventos e periódicos de destaque nas áreas de Ontologia e Computação. Atualmente também é professor visitante na Universidade de Estocolmo, com pesquisas voltadas à modelagem baseada em valores e aspectos éticos em sistemas informacionais.

Palestra: Explanation, Semantics and Ontology

Sistemas ciber-humanos são formados pela interação coordenada entre componentes humanos e computacionais. Estes só são justificáveis na medida em que têm significado para os humanos – tanto no sentido semântico quanto no sentido de propósito. Os dados manipulados por tais componentes só adquirem significado ao serem mapeados para conceitualizações humanas compartilhadas do mundo. Eles também só podem ser justificados se projetados eticamente. Nesta palestra, apresentarei a noção de “Ontological Unpacking”, que visa explicar descrições simbólicas de domínio. Argumento que essa natureza explicativa é essencial para a interoperabilidade semântica e, portanto, para a confiabilidade. Por fim, discuto por que os artefatos simbólicos produzidos por abordagens de XAI não são suficientes por si só para a explicação.

Foto de John BeverleyJohn Beverley
Assistant Professor / University at Buffalo

Professor Assistente na University at Buffalo e Co-Diretor do National Center for Ontological Research. Atua na interseção entre ontologia, lógica formal, aprendizado de máquina e engenharia de knowledge graphs, com aplicações em doenças infecciosas, ética em saúde e epistemologia aplicada. Doutor em Filosofia pela Northwestern University, trabalhou como ontologista sênior no Johns Hopkins Applied Physics Laboratory. Contribuiu para projetos como a Infectious Disease Ontology e atua na ontologia formal BFO (ISO/IEC 21838-2).

Palestra: Ontology Engineering Tradecraft

Esta palestra discute o que considero o principal ofício da engenharia ontológica: a desambiguação sistemática — o processo de justificar metodicamente e representar explicitamente estruturas implícitas em diferentes fontes. Defendo que essa prática é o diferencial da engenharia ontológica frente a outras disciplinas, como ciência de dados ou verificação formal. A exposição traça paralelos com ciclos históricos da engenharia ontológica e demonstra a eficácia dessa abordagem com base na BFO.

Foto de Jérémy RavenelJérémy Ravenel
Senior Advisor Data & AI Services / naas

Fundador e CEO da naas.ai, onde lidera o desenvolvimento de uma plataforma universal de dados e IA com foco em acessibilidade, interoperabilidade e ontologias aplicadas. Atua também como Senior Advisor em Data & AI no Forvis Mazars Group e como pesquisador em Ontologia Aplicada na University at Buffalo. Possui experiência na integração de ontologias com IA, engenharia de dados e processos de negócio. Já fundou startups e participou de iniciativas que conectam filosofia, tecnologia e ética em IA.

Palestra: Building Trust In AI: Semantic Interoperability and KGs at the Rescue of LLMs

À medida que os Modelos de Linguagem se desenvolvem, sua falta de fundamentação semântica ameaça sua confiabilidade e adoção corporativa. Com base na experiência em sistemas como o ABI e a plataforma da naas.ai, apresento uma abordagem em camadas para confiança: desde assistentes pessoais até agentes orientados por ontologias como a BFO. Mostro como a interoperabilidade semântica age como camada de comunicação entre dados, agentes e humanos.

  • Por que ontologias devem servir como camada de configuração de sistemas de IA.
  • Como arquitetar redes de IA pessoais, empresariais e institucionais com “semantic flywheels”.
  • Pipeline automatizado para construção de KGs personalizados a partir de dados reais (ex: LinkedIn).
  • “Confiança” não é uma propriedade, mas um resultado do alinhamento estruturado.

Concluo argumentando pela adoção de hipergrafos semânticos como arquitetura do futuro para IA escalável, auditável e alinhada a valores humanos.

Foto de Renata Wassermann
Renata Wassermann
Professora Associada / Universidade de São Paulo

Possui bacharelado em Ciência da Computação pela Universidade de São Paulo (1991), mestrado em Matemática Aplicada pela Universidade de São Paulo (1995), doutorado em Ciência da Computação pela Universidade de Amsterdã (1999) e livre-docência pela Universidade de São Paulo (2005). Atualmente é professora associada do Departamento de Ciência da Computação do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo. Sua área de pesquisa é Inteligência Artificial, com ênfase em Lógica e Representação de Conhecimento. É membro do grupo Logic, Artificial Intelligence and Formal Methods (LIAMF), pesquisadora do Center for Artificial Intelligence (C4AI) e membro do comitê diretor do Lawgorithm.

Palestra: Repairing ontologies – the story so far

Como já sabemos, construir uma ontologia pode ser um empreendimento bastante caro em termos do tempo de especialistas de domínio. Diversos métodos e ferramentas foram desenvolvidos para apoiar o processo de construção. No entanto, o ciclo de manutenção de ontologias recebeu menos atenção na literatura. Nesta palestra, focaremos no processo de reparar uma ontologia, que pode ser disparado tanto por comportamentos indesejados quanto por mudanças no domínio. Definiremos objetivos específicos para o reparo de ontologias e defenderemos o uso da lógica como ferramenta para verificar ontologias. Também discutiremos como a conexão entre métodos lógicos para reparo de bases de dados pode ser aplicada a ontologias.

Foto de Aaron Damiano
Aaron Damiano
Ontologista – Analista de Sistemas / U.S. Customs and Border Protection

Com mais de vinte anos de experiência em desenvolvimento de aplicações, Aaron Damiano é especializado na criação de sistemas corporativos que unem a engenharia de software tradicional às tecnologias semânticas de próxima geração. Atualmente, atua como Ontologista e Analista de Sistemas no U.S. Customs and Border Protection (CBP), onde projeta e implementa grafos de conhecimento, ontologias e modelos semânticos para melhorar a interoperabilidade, busca e análise em ambientes de larga escala. Aaron também fundou a plataforma Fandaws.com, que aplica tecnologias semânticas para ajudar organizações a estruturar, conectar e enriquecer seus dados com impacto real.

Demonstração: Ontology Demo

Esta demonstração apresentará aos participantes o uso do Fandaws (Fact and Answer Web Service), uma plataforma interativa de construção de ontologias baseada na Basic Formal Ontology (BFO). Ela oferece uma interface em linguagem natural que permite aos usuários criar, explorar e refinar ontologias simplesmente respondendo a perguntas guiadas. Aproveitando os princípios ontológicos da BFO, o Fandaws determina automaticamente como novos termos e conceitos se encaixam em sua estrutura de conhecimento. A ontologia resultante pode ser visualizada em um grafo intuitivo, exportada para reutilização ou integrada diretamente via API. O Fandaws também já foi conectado a múltiplos dicionários online e processou com sucesso mais de 100.000 termos, demonstrando sua escalabilidade e adaptabilidade. Os participantes entenderão como aproveitar o Fandaws em seus fluxos de trabalho de construção de ontologias.