Entrevista – Ângela Iähnig
8 de outubro de 2020Entrevista com Ângela Iähnig Servidora pública aposentada. Iniciou a carreira profissional na Fundação Rondon, exercendo atividades na […]
O Projeto Rondon é o maior projeto de extensão do país. Promovido pelo Ministério da Defesa e com o envolvimento de outros ministérios, comemorando no ano de 2017 o seu Cinquentenário. Em 11 de julho de 1967, uma equipe formada por 30 universitários e dois professores do antigo Estado da Guanabara, conheceu de perto a realidade amazônica no então território federal de Rondônia. A primeira missão, batizada de Operação Zero, teve a duração de 28 dias. A esse movimento deram-lhe o nome de Projeto Rondon, em homenagem ao bandeirante do século XX, o Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. O Marechal Rondon, patrono da Arma de Comunicações do Exército Brasileiro, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz por duas vezes por seus esforços na integração nacional, pela atuação na demarcação de fronteiras e pelo trabalho com os povos indígenas brasileiros. Em 1989, o Projeto Rondon foi extinto. Porém, muitos rondonistas seguiram atuando segundo o espírito e os princípios que norteavam o projeto, tendo sido criada a Associação Nacional dos Rondonistas, em 1990.
Nesta primeira etapa da sua história, cujo lema era “Integrar para não Entregar”, o Projeto Rondon tinha um perfil mais assistencialista, principalmente na área da saúde, de atendimento às populações mais carentes de regiões remotas e de difícil acesso do país. A crescente participação de estudantes nas Operações, a diversificação das atividades e a presença em diferentes Estados brasileiros incentivou a implantação de Campi Avançados. Esses campi eram bases de operações mantidas pelas universidades, geralmente em Estados distantes de sua sede e em uma região cultural bem diferente a fim de proporcionar aos estudantes contato com a diversidade cultural e socio-econômica do país. Até o ano de sua extinção, em 1989, o Projeto Rondon possuía 22 Campi Avançados distribuídos pelo país. A UFRGS tinha o seu Campus Avançado em Porto Velho, RO, para a atuação dos seus acadêmicos, docentes e discentes.
Em 2005, o Projeto Rondon foi retomado pelo Ministério da Defesa a partir de uma iniciativa da União Nacional dos Estudantes (UNE). Nesta nova fase, o projeto passou a ter um caráter mais educativo, com foco na formação de lideranças e multiplicadores, e de atuação mais abrangente, dividindo-se em duas frentes principais: Conjunto A envolvendo cultura, direitos humanos e justiça, educação e saúde; e Conjunto B envolvendo comunicação, tecnologia e produção, meio ambiente e trabalho. Recentemente, surgiu o Conjunto C (comunicação social) para a participação de uma equipe universitária responsável pela cobertura de comunicação e divulgação da Operação. O Ministério da Defesa tem procurado realizar quatro Operações anuais, sendo duas no mês de julho e outras duas no mês de janeiro, cobrindo de 10 a 15 municípios em cada Operação, com duas equipes universitárias, atuando cada uma em um dos Conjuntos A e B.
Nesta segunda fase, cujo lema tem sido “O Brasil além dos Livros”, a UFRGS participou da Operação de Diagnóstico que marcou a retomada do Projeto Rondon, em 2005, quando uma equipe de quatro estudantes, acompanhados da professora Rosinha Machado Carrion, realizou um levantamento detalhado de informações sobre o município de Tefé, localizado a 600 km de Manaus, AM. Esse diagnóstico gerou um relatório que versa sobre os dados demográficos da população de Tefé, suas condições de infraestrutura, saúde, educação, meio ambiente, economia e comércio, trabalho e cidadania e as políticas públicas que embasam as ações no município. A UFRGS também participou efetivamente da Operação Acre, realizada em outubro de 2005, tendo atuado no município de Manoel Urbano, AC. A equipe de oito estudantes foi coordenada pelos professores Fernando Freitas Fuão, Ivaldo Gehlen, Clary Sapirro e Maria Ceci Araújo Misoczky.
Em 2014, a UFRGS voltou a ter uma participação efetiva no Projeto Rondon, tendo participado da Operação Guararapes, realizada em Pedras de Fogo, PB, durante o mês de julho. A equipe foi coordenada pelos professores Álvaro Meneguzzi e José Fernandes Barbosa Neto. A partir de então, a UFRGS participou de todas as operações seguintes realizadas pelo Ministério da Defesa: Operação Jenipapo, na cidade de Anajatuba, MA, em janeiro de 2015, sob a coordenação dos professores André Silva Carissimi e Andrea Troller Pinto; Operação Bororos, no município de Barra do Bugres, MT, em julho de 2015, e Operação Forte dos Reis Magos, no município de Serra Negra do Norte, RN, em julho de 2016, ambas sob a coordenação dos professores André Silva Carissimi e Renato Perez Ribas; Operação Tocantins, no município de Marianópolis do Tocantins, TO, em janeiro de 2017, sob a coordenação dos professores Aragon Érico Dasso Júnior e Raquel Fraga S. Raimondo; e Operação Serra do Cachimbo, em Terra Nova do Norte, MT, em julho de 2017, sob a coordenação dos professores André Silva Carissimi e Álvaro Meneguzzi.
Nesses dois anos a partir do retorno da UFRGS ao Projeto Rondon, um grupo de docentes foi se consolidando com objetivo de estimular a participação de professores e alunos da Universidade nessa atividade de extensão universitária, contribuindo para a formação acadêmica do estudante, proporcionando-lhe, por meio de participação nas atividades do Núcleo e nas Operações do Projeto Rondon Nacional, o conhecimento da realidade brasileira e o incentivo à sua responsabilidade social.