Nascido em 04 de maio de 1947, em Porto Alegre, RS, sua formação poliglota inicia-se na infância, pois sendo filho de um inglês - o Sr. Gilbert Walter Price, funcionário da British American Tobacco (hoje Souza Cruz) e de uma austríaca, a Sra. Thusnelda Reichel Price, professora de inglês no Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano - falava alemão e inglês correntemente em casa. Com meses de idade foi morar na Inglaterra, onde permaneceu até a idade de 3 anos, voltando ao Brasil definitivamente. Mantém contato com parentes na Inglaterra até hoje. Aprendeu a ler e escrever em inglês e alemão com a mãe, que incentiva o hábito de falar e escrever em inglês, alemão e português em casa.
O Professor Tom (como é informalmente conhecido) cursa seu ensino primário e ginasial de 1954 a 1962 no Colégio Farroupilha, onde foi por muitos anos amigo e colega de turma de Philippe Olivier Alexandre Navaux, atualmente professor do INF. Em 1962 prestou exame de admissão ao - na época concorrido - Colégio Estadual Júlio de Castilhos (vulgo "Julinho") onde ficou até 1965, quando prestou vestibular para a UFRGS, sendo aprovado para cursar Engenharia Civil a partir de 1966. O interesse pela área de Ciências Exatas surgiu do exemplo inspirador do avô – Eng. Rodolfo Reichel.
No ano de 1967, no segundo ano do curso, começa a trabalhar na empreiteira de Eli Barbosa da Silva. No ano de 1968, enquanto completa o curso de Engenharia Civil na universidade, já participa de atividades inovadoras e pioneiras na área de Ciência da Computação na UFRGS, lideradas à época pelo Professor Emérito Manoel Luiz Leão, fundador e primeiro diretor do Centro de Processamento de Dados (CPD) da UFRGS. Em 1968, participa de uma das primeiras turmas do curso da linguagem de programação FORTRAN junto ao CPD. Neste curso aprendeu a fazer fluxogramas como parte do desenvolvimento de sistemas. Logo começou a usar fluxogramas em procedimentos de operacionalização das atividades de engenharia – na empresa em que ainda trabalhava - descrevendo como fazer cálculo nas obras e já demonstrando seu interesse incipiente por aplicação prática de metodologias que mais tarde seria evidente na sua atuação em Engenharia de Software.
Nesta mesma época foi vice-presidente do CEUE (Centro dos Estudantes de Universitários de Engenharia), na gestão em que o presidente era o Sr. Carlos Sá. No CEUE foi onde conheceu e iniciou o namoro com Ana Maria de Alencar, na época estudante de Engenharia Química na UFRGS, e que se tornou sua esposa e companheira de profissão.
No final da década de 60 e início da década de 70, foi aluno - juntamente com a professora Ana - de um curso que a IBM ofereceu de Programação Assembler, visando formar programadores para empresas que compravam o equipamento IBM360 em Porto Alegre. No curso da IBM foram colegas de Carlos Arthur Lang Lisbôa, Maria Lucia Lisbôa e Cláudio Geyer, todos os futuros colegas no INF/UFRGS. Após o curso, ambos começaram a trabalhar: Tom Price na Direção de Processamento de Dados (que existe até hoje) e Ana na Banridata (empresa de Processamento de Dados do Banrisul). Na Direção, Prof. Tom trabalhou um ano como programador e um ano como analista.
Formou-se em Engenharia Civil em 1972 e, quando Ana Price formou-se em 1973, ambos foram fazer mestrado em Informática na PUC-RJ, centro pioneiro de pós-graduação em Informática no país naquela época. No Rio de Janeiro, foi colega dos professores Newton Braga Rosa, Otacílio José Carollo de Souza, Simão Sireneo Toscani e Laira Toscani, todos futuros colegas no INF/UFRGS. Na PUC-RJ, Prof. Tom era orientado pelo Professor Firmo Freire, mas preferiu, logo após encerrar os créditos e ter o título de Especialista em Informática, fazer um mestrado em Management Studies na London School of Economics. Este mestrado foi encerrado em 1975, com uma dissertação versando sobre Análise de Organizações de Arquivo e Técnicas de gerenciamento de dados, incluindo modelos matemáticos para estimar tempo de acesso e tamanho de arquivos em função dos dados.
Retornando a Porto Alegre, devido ao seu brilhante desempenho no mestrado, a convite do Daltro José Nunes (primeiro coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ciência da Computação - CPGCC), tornou-se professor do CPGCC (denominação do PPGC na época), primeiro curso na área do Estado do Rio Grande do Sul, e juntou-se ao pioneiro grupo formado pelos Professores Daltro Nunes, Clésio Saraiva dos Santos, Paulo Azeredo, Juergen Rochol, José Mauro Volkmer Castilho, Newton Braga Rosa, Philippe Olivier Alexandre Navaux, Manoel Leão e José Palazzo Moreira de Oliveira. Nesta época, ajudou a criar o embrião de uma unidade acadêmica que se tornaria futuramente o Instituto de Informática: enquanto o curso de Tecnólogo de Processamento de Dados era vinculado ao CPD, o vínculo de alguns destes professores era ao CPGCC e não ao CPD. Entre 1976 e 1980 atuou ativamente na área de Banco de Dados, pesquisando e orientando trabalhos sobre tópicos avançados na época como linguagem SQL, cálculo e álgebra relacional, otimização de acesso e gerência de bases de dados distribuídas.
Contribui decisivamente para o crescimento da área de Informática no Rio Grande do Sul, pois em 1978, resolveu participar de iniciativa de criação de um grupo de Engenharia de Software na EDISA - Eletrônica Digital S.A. A EDISA foi responsável pela produção dos primeiros computadores no estado do RS (inicialmente com tecnologia da japonesa FUJITSU) e a missão inicial do professor Tom era participar do projeto de um sistema operacional novo, diferente do escrito originalmente pela equipe japonesa. Nesta época, o professor Tom foi fazer cursos de assimilação tecnológica na sede da empresa FUJITSU, em Tóquio, junto com o professor Carlos Arthur Lang Lisbôa. Depois, a EDISA faria uma associação com HP e os rumos seriam diferentes.
Espírito irrequieto e inovador, no ano de 1980, o professor Tom volta ao meio acadêmico e resolve fazer doutorado na Universidade de Sussex. Esta escolha não foi somente baseada em laços familiares com o país, e na possibilidade de que sua esposa Ana tivesse oportunidade também fazendo doutorado na sua área, mas, sobretudo pela liberdade e autonomia concedidas naquele país a um doutorando pelo seu orientador, portanto tornando seu trabalho realmente uma tese a ser defendida, o que acarreta uma grande responsabilidade. Durante seu doutorado, foi professor ocasional na Brighton Polytechnic School. O tema escolhido para o doutorado era inovador - projeto de editores inteligentes dirigidos pela sintaxe, utilizando gramáticas de atributos - e continuou relevante mesmo após seu término e retorno ao Brasil: muitos trabalhos decorrentes deste tema de tese se seguiram e foram publicados mesmo passados muitos anos da publicação inicial da tese, fato raro em Computação.
De volta ao Brasil, se notabiliza como pesquisador na área de Engenharia de Software, na qual desenvolve seus projetos e orienta a maioria de seus alunos, mas convive e interage também com os pesquisadores das áreas de Sistemas de Informação e Bancos de Dados. Participa do Simpósio Brasileiro de Engenharia de Software (SBES) desde suas primeiras ocorrências, colaborando para que se consolidasse como uma das mais importantes conferências de Informática no Brasil. Em particular, a intensa atividade do professor Tom e seu grupo de pesquisa – notadamente o projeto Amadeus (Ambientes e Metodologias Adaptáveis para Desenvolvimento Unificado de Software) - nas décadas de 80 e 90 ajudou a criar a grande reputação da UFRGS entre os membros da comunidade nacional (e internacional) de Engenharia de Software. Nestas décadas, havia sempre 3 a 4 artigos da UFRGS em cada SBES. Mesmo tendo se aposentado em 2000, ainda está hoje em dia entre os cinco autores nacionais com mais artigos publicados no SBES. Pelo reconhecimento de sua pesquisa foi contemplado com Bolsa de Produtividade do CNPq de 1985 a 1995.
É escolhido Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Computação da UFRGS de 1985 a 1987, tendo o doutorado do PPGCC sido criado em sua gestão.
Foi Diretor do CPD da UFRGS, aglomerando Divisão de Computação e Departamento de Informática de setembro de 1988 a março de 1990. Neste período, foi um dos responsáveis pela nova estrutura das instituições relacionadas à Informática na UFRGS, que deu origem (i) à criação do Instituto de Informática e do Centro de Supercomputação, e (ii) à integração das várias unidades através de rede (RNP).
Foi Diretor do Instituto de Informática da UFRGS de maio de 1994 a maio de 1998 quando teve que vencer inúmeras dificuldades para a criação de uma infraestrutura adequada para o bom andamento das atividades do INF. Criativo, conseguiu captar recursos públicos de órgãos de fomento nacionais e estaduais, e da própria universidade e conseguiu executar muitas obras importantes.
Sempre trabalhou ativamente pela integração do mundo acadêmico com o mundo empresarial, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da Informática no Rio Grande do Sul, sendo um dos principais responsáveis pela criação de uma incubadora tecnológica de Informática na UFRGS, o CEI (Centro de Empreendimentos em Informática) que seria inaugurada pioneiramente no Instituto de Informática em 1996 na sua gestão como Diretor. O CEI permitia a convivência de professores e alunos do INF com projetos com características industriais que eram fundamentais para dar experiência real de projetos reais com prazos e resultados reais aos alunos, e para criar um contexto de aplicação concreta do conhecimento resultante das pesquisas do INF. Hoje o CEI é considerado uma incubadora modelo no Brasil.
Em 1993, na criação dos núcleos do SOFTEX - um programa nacional na área de Software, embrião do Programa Brasileiro de Exportação de Software - é um dos responsáveis pela criação de um núcleo gaúcho, que em 1994 seria estabelecido no Instituto de Informática da UFRGS, a SOFTSUL (Associação Sul-Riograndense de Apoio ao Desenvolvimento de Software), tendo sido coordenador da sua Comissão de Instalação e o primeiro coordenador do SOFTSUL.
Foi professor de diversas disciplinas da graduação e pós-graduação na UFRGS, sobretudo na área de Engenharia de Software e Banco de Dados. Foi professor homenageado de várias turmas de formandos do curso de Bacharelado em Ciência da Computação da UFRGS e Paraninfo em 1993 da turma de formandos do curso de Bacharelado em Ciência da Computação da UFRGS. Foi incansável divulgador dos conceitos de Engenharia de Software nos vários cursos de Especialização em que atuou – tanto na UFRGS quanto em outras instituições nacionais (sobretudo na região Sul) e internacionais (especialmente Uruguai e Argentina).
Orientou dezenas de alunos de mestrado e doutorado, sendo que diversos deles são hoje professores em grandes universidades do Brasil (alguns também na Argentina), alguns deles ocupando cargos corporativos de alto nível nas principais empresas de Software e Computação, como Oracle e IBM. Uma de suas alunas recebeu da SBC o Prêmio de Melhor Dissertação de Mestrado no ano de 1992, no que hoje é conhecido como Concurso de Teses e Dissertações (CTD). Foi um dos professores pioneiros do INF em aceitar alunos estrangeiros para orientar, tendo orientado estudantes uruguaios e argentinos.
Sua cooperação internacional foi mais focada aos países do Prata, mas teve contatos importantes com pesquisadores de Portugal, Áustria e Austrália.
Após sua gestão como Diretor do Instituto de Informática, aposenta-se em 2000, e vai atuar em uma empresa multinacional, criando um centro de pesquisa, montando a equipe e gerenciando o desenvolvimento de software de telefonia VoIP, numa época em que esta tecnologia não estava muito difundida no Brasil.
Foi membro ativo do grupo de Sistemas de Informação do Instituto de Informática, cadastrado no CNPq. Este grupo contou inicialmente com os colegas José Mauro Volkmer de Castilho, Paulo Alberto de Azeredo, José Palazzo Moreira de Oliveira, Carlos Alberto Heuser, Lia Goldstein Golendziner, Clésio Saraiva dos Santos, Ana Maria de Alencar Price e Cirano Iochpe, crescendo significativamente nas duas últimas décadas. Sua produção científica, durante toda sua carreira acadêmica, foi considerável. Mesmo durante os longos períodos em que exerceu cargos administrativos de coordenador do PPGC e de Direção na UFRGS, jamais abandonou a atividade de pesquisa.