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Publicado em: 23/09/2024

Debate sobre uso de IA com os professores Álvaro Freitas Moreira e Luigi Carro

Debate no Instituto de Informática da UFRGS Explora Impactos do ChatGPT no Ensino e Pesquisa

Arquivo Instituto de Informática UFRGS (2024).

Recentemente, dois professores e pesquisadores do Instituto de Informática da UFRGS, Álvaro Freitas Moreira e Luigi Carro, participaram de um debate sobre os impactos do ChatGPT e outras ferramentas de inteligência artificial generativa no ensino e na pesquisa. Durante o evento, chamado de Café com Pesquisa, organizado pelo Programa de Pós-Graduação em Computação da UFRGS e PET da computação, os professores compartilharam suas perspectivas sobre o uso dessas tecnologias em diferentes contextos educacionais e profissionais. A seguir, destaca-se os pontos abordados neste momento.

 

Arquivo Instituto de Informática UFRGS (2024).

O Papel das Ferramentas de Inteligência Artificial no Desenvolvimento de Software

O professor Álvaro destacou que as ferramentas baseadas em LLMs, como o ChatGPT, já estão presentes no desenvolvimento de software, mas ainda não substituem completamente os programadores. Ele menciona que ferramentas como o GitHub Copilot, que utiliza inteligência artificial para auxiliar no processo de programação, são cada vez mais essenciais para tarefas rotineiras de desenvolvimento, mas acredita que estamos longe de uma realidade onde essas tecnologias possam gerar software crítico de forma autônoma. “Enquanto empresas e laboratórios que desenvolvem essas ferramentas não as utilizarem para seus próprios softwares cruciais, é prudente manter certa cautela quanto à confiabilidade dessas soluções“, argumenta.

Arquivo Instituto de Informática UFRGS (2024).

O professor Luigi complementa que o uso dessas ferramentas pode ser visto como uma oportunidade para os desenvolvedores. Ele acredita que aqueles que dominarem essas tecnologias terão uma vantagem competitiva no mercado de trabalho, enquanto aqueles que não se adaptarem correm o risco de serem substituídos. “Essas ferramentas provavelmente substituirão o programador que não tem conhecimento profundo, pois tarefas mais fáceis podem ser automatizadas. Por outro lado, aqueles programadores que souberem utilizá-las terão enorme produtividade, e continuarão a ser parte essencial do processo de desenvolvimento“, afirma Luigi.

 

 

 

Desafios Éticos e Educacionais no Uso do ChatGPT no Ensino

Quando se trata do uso do ChatGPT na educação, ambos os professores concordam que há desafios significativos a serem enfrentados. Álvaro enfatiza a necessidade de encontrar novas formas de avaliar o aprendizado dos alunos, já que a facilidade de acesso a essas ferramentas torna cada vez mais difícil detectar o uso não autorizado. Ele sugere que o uso de tecnologias como o ChatGPT seja restringido nos semestres iniciais, quando os alunos ainda estão aprendendo fundamentos críticos, mas que seu uso possa ser incentivado em fases mais avançadas do curso, onde o foco está em habilidades mais específicas e complexas.

Por outro lado, Luigi destaca a importância de integrar essas ferramentas ao processo de ensino de forma estratégica. Ele menciona exemplos de universidades de excêlencia, como Stanford, que já utilizam o ChatGPT como tutor em cursos de programação. “As oportunidades para o ensino são evidentes, como a Khan Academy, que incorporou o ChatGPT para ajudar alunos do ensino médio a resolver problemas de matemática. Um tutor com paciência infinita pode ser uma ferramenta valiosa para o aprendizado“, aponta Luigi.

 

Impactos no Futuro da Educação e do Mercado de Trabalho

Ambos os professores concordam que o impacto do ChatGPT e de outras ferramentas de inteligência artificial não pode ser ignorado. Luigi afirma que o ChatGPT já está substituindo métodos tradicionais de ensino, especialmente em tarefas que envolvem memorização ou raciocínios básicos. Ele sugere que a chave para aproveitar ao máximo essas tecnologias está na capacidade dos professores de entender e adaptar essas ferramentas para melhorar a aprendizagem dos alunos, liberando espaço para o desenvolvimento de habilidades mais complexas e criativas.

Álvaro acrescenta que, enquanto o uso de ferramentas de inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas é bem-vindo, o risco de os alunos dependerem excessivamente dessas tecnologias deve ser monitorado. Ele alerta que isso pode levar à falta de domínio de conceitos fundamentais, prejudicando os alunos em seleções para estágios e oportunidades de emprego. “É importante que os professores conscientizem os alunos sobre os benefícios e os riscos do uso dessas ferramentas, garantindo que eles desenvolvam as habilidades essenciais necessárias para sua formação“, conclui Álvaro.

Arquivo Instituto de Informática UFRGS (2024).

 

Um Olhar para o Futuro

O debate encerrou com ambos os professores reconhecendo o potencial transformador das ferramentas de inteligência artificial no ensino e na pesquisa, mas também destacando a necessidade de uma implementação cuidadosa e estratégica. Os professores Álvaro e Luigi concordam que, embora essas tecnologias tragam novas oportunidades, elas também exigem uma reflexão crítica sobre sua aplicação para garantir que a educação e o desenvolvimento profissional continuem a evoluir de forma ética e eficaz.

Arquivo Instituto de Informática UFRGS (2024).