Flávio Rech Wagner iniciou sua trajetória como professor no Instituto de Informática (INF) da UFRGS em 1977 enquanto finalizava o mestrado em Ciência da Computação na universidade. Em 1980, iniciou o doutorado em Informática, na Universidade de Kaiserslautern, Alemanha. Após esse período, retornou ao Brasil e começou a fazer contribuições mais sólidas ao INF, com as quais teve um envolvimento próximo. O curso de Ciência da Computação havia iniciado em 1984 e Flávio foi eleito para a primeira comissão de graduação, junto com os professores Otacílio e Carla, e na sequência reeleito, permanecendo então por dois mandatos, 8 anos, no cargo. Ele também foi eleito três vezes para a coordenação do Programa de Pós-Graduação em Computação (PPGC) do INF, em 3 décadas diferentes, na década de 80, 90 e nos anos 2005-2006, abraçando, assim, desafios e especificidades destes momentos.
No final da década de 90, atuou fortemente na criação do curso de Engenharia de Computação, que é uma parceria entre o Instituto de Informática e a Escola de Engenharia. Logo, um curso interdisciplinar, o primeiro da UFRGS. Na época, o estatuto e o regimento da UFRGS não permitiam que um curso de graduação fosse vinculado simultaneamente a duas unidades acadêmicas. Diante desta situação, Flávio atuou ativamente para a viabilização do projeto. Como resultado, o estatuto e o regimento da universidade foram mudados por essa iniciativa, idealizada a partir da convicção de que para que os alunos estivessem preparados para o mercado, precisariam das expertises dos dois campos.
Outra ação importante da qual participou foi a transferência da sede da Sociedade Brasileira de Computação (SBC) para Porto Alegre, no Instituto de Informática da UFRGS. Criada em 1977, a sede da SBC era localizada no Rio de Janeiro, e foi oficialmente transferida para o INF em 1999, quando o Prof. Flávio era vice-presidente da entidade. A transferência foi consolidada nos anos seguintes, durante os dois mandatos do Prof. Flávio na presidência da SBC. Para Flávio, o processo proporcionou muita visibilidade para o INF. Para a SBC, a nova sede, melhor organizada, trouxe um enorme benefício para a comunidade de estudantes, docentes, pesquisadores, profissionais e entusiastas da área de Computação do Brasil, ao apoiar a organização de eventos, nacionais e internacionais, auxiliar os sócios da SBC e cuidar das questões administrativas e financeiras.
Seguindo sua trajetória, Flávio foi diretor do INF entre 2006 e 2011, período no qual incentivou o trabalho em grupo, valorizando a elaboração de grandes projetos, inclusive interdisciplinares, que reunissem diversos grupos de pesquisa do Instituto e de outras áreas de conhecimento. Para ele, grandes resultados de pesquisa são feitos assim, com muitas pessoas trabalhando em conjunto durante longos períodos, ao invés do direcionamento de esforços para projetos individuais.
O professor destaca também que o fazer científico do INF tem como singularidade a relação próxima com o mercado de trabalho. Existe no Instituto uma busca por projetos que sejam de interesse das empresas para que, desta maneira, o conhecimento circule e adquira materialidade na sociedade, através da união entre a qualidade acadêmica e as necessidades reais do mercado. No Instituto de Informática o ensino, a pesquisa, e a extensão se complementam com a inovação tecnológica.
Com essa perspectiva, em 2009, o Zenit, parque científico e tecnológico da UFRGS, foi criado com a participação de Flávio, e também da professora Mara, então diretora do CEI, na comissão que havia elaborado o projeto. Em 2010, após aprovado o seu regimento, Flávio foi convidado para ser o primeiro diretor do recém criado parque, responsabilidade que desempenhou por cinco anos por escolha pessoal, já que teve de deixar a direção do INF, durante o primeiro ano do seu segundo mandato, pela impossibilidade de desempenhar simultâneamente as duas tarefas.
A trajetória do Prof. Flávio Rech Wagner é expressa pelas ações políticas, administrativas, científicas e tecnológicas que abraçou e às quais se dedicou, que resultam em feitos que são a base e os princípios para muito do que é desenvolvido no Instituto de Informática da UFRGS hoje. Ao longo das próximas edições da Newsletter, iremos trazer mais histórias como a sua que nos ajudam a conhecer momentos históricos e políticos desta nossa memória comunitária para o conhecimento público.