O prof. Raul Fernando Weber, Coordenador de Ciência da Computação do INF/UFRGS, foi entrevistado pelo portal IT4CIO para falar sobre o “Apagão de mão de obra: especialistas são unânimes ao afirmar que ele existe. A boa notícia é que é possível resolver o problema”. O Portal é um veículo voltado exclusivamente para profissionais de Tecnologia da Informação do mercado brasileiro. (www.it4cio.com)
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Apagão de mão de obra: especialistas são unânimes ao afirmar que ele existe. A boa notícia é que é possível resolver o problema
O Brasil sofre com a escassez de mão de obra especializada para assumir novos postos de trabalho em Tecnologia da Informação (TI). A afirmação, há tempos discutida por associações empresariais, sociólogos e políticos, é unânime entre os especialistas consultados pelo Portal IT4CIO.
“O fenômeno é bem acentuado em todas as áreas de ciências exatas, notadamente na computação e nas engenharias. A procura por estes cursos vem continuamente diminuindo nos últimos 20 anos, isto provoca a atual escassez de mão de obra especializada”, explica Raul Fernando Weber, coordenador de Ciência da Computação do Instituto de Informática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A falta de profissionais qualificados decorre, segundo o professor, de um descompasso entre a velocidade da demanda exigida pelo mercado e a formação das universidades. Situação que, com um mercado aquecido, acaba resultando num déficit de mão de obra.
A área de TI, ao menos, sofre menos com o problema da disparidade entre o conteúdo ensinado nas universidades e aquele esperado pelo mercado. “O recém-formado tem, nas boas universidades, uma boa formação acadêmica. No Brasil, os bons cursos de computação formam profissionais do mesmo nível que as universidades americanas e europeias. Obviamente, uma empresa sempre tem as suas necessidades específicas, o que exige um programa interno de treinamento”, ressalta Weber.
Já para Paulo Cesar Masiero, professor titular do departamento de Sistemas de Computação do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (ICMC-USP), é preciso valorizar o ensino da programação, sobretudo nas áreas de mobilidade e Web 2.0. “Tenho ouvido empresários dizerem que muitos formandos não sabem programar bem. Em empresas da área de TI onde estão os bons empregos, como Google, C.E.S.A.R, Q&T, Ci&T, essa é uma exigência fundamental”, diz Masiero.
A saída
Segundo os professores, a solução para o problema depende de ações conjuntas das universidades e do mercado. “Uma empresa interessada em obter bons profissionais deve investir em parcerias com as universidades, através de programas de bolsa, projetos e estágios. Assim, ela consegue fazer uma boa seleção dos estudantes que apresentem o perfil mais adequado aos seus interesses”, explica Weber.
Para o professor da UFRGS, a importação de mão de obra, recurso encontrado por muitas empresas para driblar a falta de profissionais no mercado nacional, não traz nenhum benefício.
“Do lado positivo, essas pessoas trazem conhecimentos e experiências diferenciados que podem ser úteis para o País, pois geralmente são pessoas com boa formação. Por outro lado, em muitas situações, certamente temos pessoas formadas no Brasil com competência para assumir esses trabalhos”, discorda Masiero, da USP, enxergando vantagens no intercâmbio de profissionais.
Dicas
O segredo para o profissional que busca ocupar uma vaga ociosa no setor de TI passa pelo constante aprimoramento educacional e a busca de experiências convergentes com as principais tendências de mercado. A pedido do Portal IT4CIO, os dois professores consultados para esta reportagem, elaboraram uma lista de dicas que serva tanto para estudantes de TI quanto para profissionais já colocados no mercado:
• Realizar um bom curso de graduação, que garanta uma formação acadêmica sólida;
• Não ficar no básico e investir em cursos de pós-graduação e especialização;
• Saber programar e resolver problemas de programação (áreas como mobilidade, Web 2.0 e pagamento eletrônico estão em alta);
• Viagens, certificações, participações em eventos da área e em sociedades de classe podem aumentar o network e a troca de conhecimento entre os profissionais;
• Uma vez empregado, o profissional deve verificar o potencial de sua carreira na empresa, para poder fazer uma projeção a longo prazo.