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Publicado em: 19/10/2020

Profa. Mariana Mendoza convidada para evento internacional

O Simpósio Fronteiras Brasil-Alemanha sobre Ciência e Tecnologia visa a cooperação científica entre os países.

A Professora do Instituto de Informática da UFRGS Dra. Mariana Recamonde Mendoza recebeu o convite para participar do BRAGFOST 2020 (Brazilian-German Frontiers of Science and Technology Symposium). O convite partiu da CAPES, da Alexander von Humboldt Foundation e dos próprios organizadores do evento.

O BRAGFOST é um evento binacional interdisciplinar que visa reunir 60 jovens pesquisadores brasileiros e alemães (30 de cada nacionalidade, todos com até 15 anos de doutorado) que possuam grande potencial para promover avanços na ciência e tecnologia em suas áreas de atuação. A equipe organizadora visa promover equilíbrio de gênero nas sessões e no evento em geral, oportunizando a todos a participação. O objetivo é gerar cooperações bilaterais em tópicos na fronteira do conhecimento de interesse científico-estratégico e investir na próxima geração de líderes em suas respectivas áreas de pesquisa – incluindo possibilidades de financiamento pela própria AvH Foundation através do programa CONNECT (Programa de Acompanhamento para Participantes de Simpósios de Fronteiras de Pesquisa).

A Profa. Mariana enxerga o convite como uma valorização em sua carreira como pesquisadora e uma conquista conjunta para a UFRGS como docente, por isso, ela menciona seu “agradecimento ao INF e ao PPGC pelas diversas formas de apoio às nossas atividades acadêmicas e científicas enquanto professores e orientadores. Embora eu tenha ingressado há pouco no PPGC, a participação no evento permitirá ampliar a formação de alunos e a produção científica nas minhas áreas de atuação nos próximos anos”, afirma.

“O convite chegou até mim em razão da minha experiência em Bioinformática e Aprendizado de máquina, e de trabalhos recentes focados na análise de dados relacionados à câncer para busca de novos biomarcadores”, comenta.

A Fundação Alexander von Humboldt visa promover a cooperação acadêmica entre excelentes cientistas e acadêmicos do exterior e da Alemanha. Suas bolsas e prêmios de pesquisa permitem que o pesquisador vá até a Alemanha para trabalhar em um projeto de pesquisa de sua escolha junto com um parceiro anfitrião e colaborador. Como organização intermediária da política cultural e educacional alemã, a fundação promove o diálogo cultural internacional e o intercâmbio acadêmico.

Neste ano, o BRAGFOST terá 3 sessões científicas (Medicina Personalizada, Biotecnologia para Sustentabilidade Futura e Inteligência Aumentada para Educação) e juntamente com outros 7 brasileiros (de instituições como INCA, USP, PUC-Rio, UNICAMP), está sendo coordenado pelo Professor Adjunto do Instituto de Computação da UFAL, Ig Ibert Bittencourt, e pelo Professor do Instituto de Estudos Avançados de Freiburg Albert-Ludwigs-Universität Freiburg, Stefan Schiller, estabelecendo a ponte Brasil-Alemanha.

A medicina personalizada (também chamada de medicina de precisão) visa desenvolver terapias que priorizem particularidades genéticas dos indivíduos. Doenças como câncer, por exemplo, são extremamente heterogêneas. Embora tenham muitas características em comum, a doença se apresenta (e evolui) de múltiplas formas, com forte relação de fatores genéticos – embora possa ser potencializada por agentes químicos, físicos, dentre outros.

Um dos pontos importantes de pesquisa na medicina personalizada é a identificação de biomarcadores, que são parâmetros mensuráveis que funcionam como indicadores da presença ou severidade de uma doença. Alguns exemplos de biomarcadores são mutações no DNA, alterações nos níveis de moléculas como proteínas ou mudanças no padrão da expressão de um gene. Os biomarcadores podem ser usados não só para direcionar a escolha de um tratamento, como também para permitir um diagnóstico precoce e uma avaliação mais precisa do prognóstico do paciente.

Atualmente, muitos candidatos a biomarcadores estão sendo extraídos dos chamados dados ômicos, que são dados gerados por tecnologias de alto rendimento que permitem quantificar o perfil molecular de um organismo em larga escala, como sequenciar todo o genoma de um ser humano ou avaliar o nível de expressão (isto é, a atividade) para todos os seus genes. Em teoria, comparando-se estes perfis moleculares entre grupos de pacientes doentes e de indivíduos saudáveis, e correlacionando estes perfis com variáveis clínicas, poderíamos identificar fatores associados à ocorrência ou evolução da doença, ou ainda com a resposta a um determinado tratamento. Mas na prática, estes dados ômicos possuem uma enorme complexidade inerente e, consequentemente, a análise deles apresenta uma série de desafios analíticos em aberto.

A proposta da sessão de Medicina Personalizada coordenada pela Dra. Mariana Boroni do INCA na qual a Profa. Mariana Mendoza participará, é discutir estratégias para identificar biomarcadores a partir de dados ômicos e lidar com os desafios na integração de diferentes tipos de dados para melhor modelar alterações moleculares subjacentes ao câncer e assim aprimorar a qualidade destes biomarcadores candidatos. A sessão também tem o propósito de debater o papel do aprendizado de máquina nessa investigação e aspectos relacionados a desafios práticos do uso de biomarcadores na clínica, com foco na oncologia.

A sessão será bastante multidisciplinar, com participantes nas áreas da computação, medicina, ciências biológicas, biomedicina e engenharia química. Cada participante apresentará rapidamente os problemas científicos que tenta resolver em sua pesquisa e as soluções nas quais tem trabalhado recentemente, e contribuirá com os diversos momentos de discussão sobre os temas abordados ao longo dos dois dias de evento. “Esta é a forma com que representaremos o Brasil, visando, principalmente, gerar cooperações bilaterais entre pesquisadores brasileiros e alemães”, finaliza Mendoza.

Em razão da pandemia, o evento ocorrerá de forma online nos dias 22 e 23 de outubro. Para saber mais detalhes acesse o calendário de eventos da Fundação Humboldt. E para obter mais informações sobre o programa Connect, acesse o site da Fundação.